sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OS LIVROS. OS LIVROS. OH! OS LIVROS!


Lido hoje no "BIBLIOTECÁRIO DE BABEL":

(...)
“Mas tem um método de leitura rápida?”, perguntam-me. Sim, claro que tenho. É o seguinte: faz cinquenta anos que passo uma grande parte do meu tempo a ler todo o tipo de obras, em todo o tipo de circunstâncias, para todo o tipo de fins. Como em qualquer actividade que se torna familiar (seja ela manual, artística ou desportiva), cria-se uma relação especial com o objecto em questão, no caso a coisa impressa (”São necessários muitos anos de trabalho para que as engrenagens cerebrais da leitura, já bem oleadas, deixem de ser conscientes”, Stanislas Dehaene). O importante não é ler depressa mas ler cada livro à velocidade que ele merece. É tão pernicioso demorar tempo demais com alguns do que ler outros demasiado rápido. Há livros que ficamos a conhecer folheando-os, outros que só compreendemos à segunda ou terceira leitura, outros ainda que poderemos reler com proveito toda a vida. Um policial lê-se em poucas horas, mas preparar uma aula sobre algumas páginas de The Waste Land, de T. S. Eliot, exige vários dias. Mas o cúmulo do desequilíbrio entre o tempo passado com um texto e a sua extensão estaria sem dúvida num trabalho de análise ao célebre monóstico de Apollinaire: “Et l’unique cordeau des trompettes marines”! Escrever um artigo para a imprensa sobre uma obra que acaba de ser publicada exige – pelo menos no que me diz respeito – duas leituras: a primeira para descobrir o livro enquanto leitor inocente, a segunda para dar uma ordem às impressões e ideias que o livro me suscitou. E depois, é um facto que esquecemos a maior parte do que lemos.»
(...)

Fica a referência a um ensaio sobre a leitura, a sair em 8 de Outubro p.f., base deste artigo:

Pierre Bayard, em Comment parler des livres que l’on n’a pas lus? (Minuit, 2007; Como falar dos livros que não lemos?, tradução de Maria Amaral e Sílvia Sacadura, Verso da Kapa, 2008)

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